Serviço Social e Saúde Mental . Parte 1

O Serviço Social atua em diversos programas e projetos nas instituições psiquiátricas e sua prática tem se modificado em função das transformações pelas quais tem passado à assistência psiquiátrica no Brasil. A pluralidade de sua atuação remete a uma complexidade que torna potencialmente contraditória. Além disso, nem sempre os programas do estabelecimento psiquiátrico têm sua homogeneidade.

As instituições psiquiátricas, em geral, não dão resposta à demanda global do paciente, aos seus problemas na totalidade. No caso dos transtornos psíquicos, vários aspectos interferem no bom andamento do restabelecimento mental e não são tratados pela psiquiatria; daí outros profissionais são acionados. Quando certos aspectos do problema global situam-se na área social, O Serviço Social é chamado a atuar. Porém, podemos observar que no Movimento de Reforma psiquiátrica a problematização teórica e o leque de programas vão além da assertiva acima.


Na psiquiatria tradicional, os “outros” profissionais atuam no sentido de complementar o trabalho dos psiquiatras de forma atingir a melhor realização da finalidade institucional, a recuperação do paciente. O assistente Social dentro desse tipo instituição trabalha com a mesma finalidade da psiquiatria , mas garantindo a eficácia dos profissionais psiquiatras pela ampliação do âmbito da intervenção , pela garantia que o paciente se encaixe na demanda à qual a instituição de assistência psiquiátrica está respondendo , isto é , para garantir o tratamento principal , o tratamento psiquiátrico.. Na ocorrência de qualquer fato que interfira no planejamento do atendimento psiquiátrico e que seja considerado como fenômeno social ou contextual, o assistente social é convocado a recolocar o paciente no processo de trabalho organizacional considerado “normal” pelo estabelecido psiquiátrico. O Serviço Social intervém em tudo que escapa à racionalidade desse processo no que tange à situação objetiva (dita social) ou aspectos contextuais diversos (é por isso que alguns assistentes sociais em Saúde Mental declaram “servirem para tudo”, serem “quebra-galhos”). Essa prática funcional a lógica psiquiátrica é antiga no Serviço Social em Saúde Mental. Ela é modelo de Serviço Social tradicional desde os anos de 1950. Desde dessa época, “tudo que não é concebido como diretamente associado com o especificamente psíquico e somático (...) é empurrado nestas para o Serviço Social”.

Em instituições com serviços alternativos condizentes com o Movimento de Reforma Psiquiátrica, o Serviço Social também age no sentido de contribuir para o melhor tratamento psiquiátrico, só que este último é redefinido para incluir as questões advindas de rupturas do usuário com o meio social. O melhor tratamento psiquiátrico também é o melhor tratamento social, assim são objetivos da reabilitação psicossocial. De modo que o Serviço Social é demandado para, junto com outros profissionais, intervir sempre que houver ruptura por parte do paciente, tanto à sua integração institucional (à psiquiatria renovada), quanto à integração social. Por exemplo, se um hospital-dia prescreve um tratamento em que o paciente deve ir todos os dias ao centro de atenção psicossocial e este não tem dinheiro para passagem, o Serviço Social, com o intuito de o usuário se encaixar no planejado, intervém para tentar conseguir passes de ônibus gratuitos.

Fonte: Livro Serviço Social e Saúde Mental: uma análise institucional da prática. Professor José Augusto Bisneto – ESS/UFRJ.

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Relato de uma paciente do Caps


 USUÁRIA DA CAPS:

Marcelle sou usuária do Caps Davi Capstranio Filho em Aracaju/Se e visitei o seu blog e gostei muito do pouco que eu li.

Pergunto a você: O que eu faço para denunciar o meu tio XXXXX que insiste que eu vá para uma casa de recuperação evangélica aqui no interior (em Itaporanga d'ajuda) dizendo que é pra eu ser curada, mas as verdadeiras intenções dele são outras?

Na verdade ele quer me jogar lá na intenção e me destruir. Ele é um homem perverso, vingativo e ruim; fez fofoca e conseqüentemente a inimizade entre a ex-mulher dele contra minha mãe(irmã dele) as duas não se falam.

Vou contar um pouco da minha história: comecei a apresentar problemas de comportamento leves em 1997 e em 1999 a coisa piorou de tal forma que sai do estágio e tranquei a faculdade de pedagogia no mesmo ano e de lá pra cá não voltei mais a trabalhar e estudar na sociedade dita "normal". Pois tive alguns altos e baixos mudei do RJ pra morar em Aracaju, nisso eu fiquei jogada no meio dos problemas da família, e acabei sendo ou virando o bode espiatório quer dizer eu virei a razão, o motivo dos problemas das pessoas, dos meus familiares mais próximos e a verdade é que eu não sou o problema da vida de ninguém.

Acho que eu sou a chave dos problemas da minha mãe e dos meus irmãos e do meu e deve isso que ele vê fica me persiguindo, ele faz as coisas, toma atitudes para ninguém desconfiar das segundas intenções dele.

RESPOSTA:

Olá, YYYYYY, saudações antimanicomiais! Que bom que você gostou do blog, to começando agora , há muito o que se fazer, eu mesma vou passar a escrever mais. Então sugiro que você seja uma seguidora do blog clicando no botão "SEGUIR" que há no canto direito da página, assim você poderá participar mais interativamente nele.
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Quanto ao seu relato acima, penso que você está num dispositivo alternativo ideal para o seu tratamento. Além de estar de acordo com a reforma psiquiátrica , os CAPS oferecem um suporte para quem precisa de atenção e cuidado. E Cuidado não só no sentido de tomar remédios, mas de ter direito a um tratamento com assistência, com a atenção psicossocial. Ou seja, junto com uma equipe interdiscplinar você pode ter o tratamento que precisa, exercendo seu direito de cidadania de estar no espaço urbano, indo e vindo, jamais com isolamento . Internação é coisa do passado, não se misturam esses tipos de temas. Um coisa é a opção religiosa, outra é o sofrimento mental que requer outro tipo de Atenção.

Se você está no CAPS continue nele, procure os técnicos, insista no seu tratamento mesmo que você não tenha um grande suporte familiar, conheça seus direitos! Eu não te conheço, mas você disse que havia deixado alguns projetos seus de faculade, trabalho, seu tio te persegue, que ele fala em internação para receber tratamento "religioso" e mudou-se de Estado.

Bem , aí vão algumas dicas que podem ser sugestivas como a Lei 10.216:

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental: 

São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento.

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
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IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
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Art. 4, § 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
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Art. 4, § 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
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Se você fala em DENÚNCIA acredito que se haver algum constrangimento por parte do seu tio, o MINISTÈRIO PÚBLICO da sua cidade deve ser acionado de acordo com essa lei. Converse com o seu técnico - referência do CAPS.
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Existe um benefício assistencial para quem não tem capacidade de exercer suas atividades laborais, mesmo que seja por um período momentâneo. Ele se chama Benefício de Prestação Continuada (BPC). Você recebe? Não sei se é o seu caso. No meu blog explico o que é e como adquiri-lo.
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No mais YYYYY, é isso. não devemos nos calar diante daquilo que nos incomoda. Devemos a todo momento estar atento e combater todo o tipo de preconceito e lutar pela garantia dos nossos diteitos.
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Sabe, tenho uma louca experiência com usuários crônicos que estão inserido nos dispositivos alternativos de Niterói. Minhas idas ao CAPS, Residencias Terapêuticas renderia um livro. Quantas reuniões, musicoterapia, passeios. Fiquei no primeiro ano de estágio debruçada sobre esse trabalho, investigando a realidade manicomial desses usuários e pude constatar o quanto essas pessoas melhoram , no sentido deles se reapropriarem do espaço, da casa , da famíla, do seu direito de cidadnia, do seu direito de ser "DIFERENTE". Vou postar minhas "loucas" histórias no blog , vê lá!!!
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Bjs! Bjs! Por um mundo sem manicômios!!! A luta não pode parar!!!!!

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Tabagismo e Transtornos Psiquiátricos


Recente estudo publicado pela USP revela a forte relação do tabagismo e portadores de transtornos mentais. Segundo os pesquisadores, o tabagismo parece melhorar a cognição, o humor e a ansiedade por uma multiplicidade de efeitos reforçadores e a abstinência de nicotina pode exacerbar todos estes sintomas. A abstinência nicotínica também pode agravar alguns transtornos psiquiátricos, levar à recaída e aumentar os níveis sangüíneos de muitos medicamentos.

Está comprovado que a probabilidade de abandono do tabagismo é reduzida em pacientes com transtornos de depressão. O tabagismo pode, por exemplo, auxiliar na “automedicação” de sentimentos de tristeza ou humor negativo. Ou seja, os níveis de depressão podem influenciar, em uma relação de causalidade direta, os níveis subseqüentes de consumo de tabaco. Há evidências, ainda, de que o uso de nicotina interfere nos sistemas neuroquímicos (neurorreguladores como acetilcolina, dopamina e norepinefrina), que, por seu turno, afetam circuitos neurais, tais como mecanismos reforçadores associados à regulação de humor.

Já em portadores de esquizofrenia, o consumo de tabaco pode ser reflexo de processo de institucionalização, tédio e baixo controle dos impulsos dos portadores dessa doença. Esquizofrênicos relatam que fumar produz relaxamento, reduz a ansiedade e os efeitos colaterais de medicações. Como algumas medicações antipsicóticas acarretam efeitos desagradáveis, é possível que a alta prevalência de tabagismo observada em esquizofrênicos seja uma tentativa de reduzir os efeitos colaterais desses medicamentos. Além disso, o consumo de tabaco pode ainda melhorar a concentração, reduzir a hiperestimulação desagradável experimentada por esquizofrênicos e promover um dos poucos prazeres disponíveis para muitos portadores da doença.

A pesquisa aponta que alguns autores sugerem uma associação inversa entre consumo de tabaco e transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Há indícios de que a prevalência de tabagismo é menor em portadores desse transtorno em relação à população em geral e em comparação a outras populações psiquiátricas.

Portanto, o trabalho reconhece e confirma dados de pesquisas de natureza biológica, como o consumo de tabaco para alívio de efeitos colaterais de medicações e tentativa de automedicação dos sintomas da doença. Entretanto, segundo os fumantes entrevistados, a principal barreira para o abandono do tabaco parece ser o sentimento de desespero por ser portador de uma doença mental, a falta de esperança em recuperação e a necessidade de controle. Além disso, as desigualdades nas percepções e nos padrões de consumo de tabaco encontradas entre pacientes com diferentes transtornos mentais sugerem que a intervenção pode ser mais eficaz se o diagnóstico psiquiátrico for também levado em consideração durante o tratamento. 

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Benefício de Prestação Continuada - BPC


O Benefício de Prestação Continuada – BPC/LOAS é um direito garantido na Constituição Federal de 1988 e tem amparo legal na Lei Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso. O valor pago do benefício consiste em 1 salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho. Além disso, em ambos os casos a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo.

Compete ao Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome (MDS) sua gestão, acompanhamento e avaliação. A operacionalização do BPC fica a cargo do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS) e os recursos para custeito do benefício provêm do Fundo Nacional da Assistência Social (FNAS).


Não é necessário que o requerente do benefício tenha contribuído para a Previdência Social, mas alguns requisitos deverão ser observados:

- Considera-se renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, exceto quando se aplica a concessão do BPC a outro idoso na família conforme previsão do parágrafo único do Art. 34 da Lei 10.741 de 1° de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso.

- Só são considerados integrantes da mesma família para efeitos de acesso ao BPC:
O conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, assim entendido, o requerente, o cônjuge, a companheira, o companheiro, o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido, os pais, e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido.

- Situação de separação, divórcio ou similares deverão ser comprovadas com documentos.- Requerimentos por procuração, responsáveis por menores ou sob tutela e curatela deverão ser acompanhados da documentação legal. 


- No caso de pessoa com deficiência, a condição de incapacidade para o trabalho e para a vida independente deve ser atestada pela perícia médica do INSS.

Como funciona

1- Solicitar ao INSS, por meio de Requerimento próprio, que deve ser preenchido e assinado pelo requerente responsável legal;
2- Declarar, em formulário próprio, a composição do grupo familiar e comprovar renda inferior a 1/4 do salário mínimo mensal por pessoa da família;
3- No caso das pessoas idosas, comprovar a idade mínima de 65 anos;
4- No caso das pessoas com deficiência, ter a sua condição de incapacitada para a vida independente e para o trabalho atestada pela perícia médica do INSS;
5- Pessoas com deficiência deverão aguardar a convocação do INSS para a realização da perícia médica,
6- O requerimento, acompanhado da documentação, deverá ser entregue ao INSS ou nos locais autorizados.

Pré-requisitos

O idoso deve comprovar que:
- possui 65 (sessenta e cinco) anos ou mais;
- o total de sua renda mensal e dos membros de sua família, dividido pelos integrantes,  seja menor que um quarto do salário mínimo vigente.

A pessoa com deficiência deve comprovar que:
- é deficiente e está incapacitada para o trabalho e para a vida independente;
- o total de sua renda mensal e dos membros de sua família, dividido pelos integrantes, seja menor que um quarto do salário mínimo vigente.

Clique aqui para saber sobre os documentos solicitados para pedir o benefício assistencial.

Clique aqui para adquirir o formulário para requerimento do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social - BPC-LOAS / Lei nº 8.742/93.

Clique aqui para adquirir a declaração sobre a composição do grupo e da renda familiar do idoso e da pessoa portadora de deficiência.

Clique aqui para ir ao agendamento eletrônico de atendimento do INSS.

Adquira a Cartilha do BPC clicando aqui.

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Modelo de Projeto Terapêutico para Caps

Conforma solicitado por leitores do blog, tenho um modelo de projeto terapêutico para Caps. Abaixo segue uma cópia do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS implantado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

Projeto Terapêutico Adulto Caps II

1. INTRODUÇÃO Os CAPS representam estruturas terapêuticas intermediárias entre a hospitalização integral e o acompanhamento ambulatorial, que se responsabilizam por atender indivíduos com transtornos psiquiátricos graves, desenvolvendo programas de reabilitação psicossocial. Entende-se por reabilitação psicossocial a possibilidade de reverter um processo desabilitador através do aumento da contratualidade social do indivíduo com o mundo.
Desde agosto de 2000 funciona, em prédio anexo ao HCPA, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) constituído na modalidade CAPS II, conforme a Portaria 336 de 19 de fevereiro de 2002, credenciado em outubro de 2002.
A assistência é prestada a uma população adulta com transtornos mentais graves e persistentes, causadores de importante grau de desabilitação, ou seja, limitação ou perda de capacidade operativa. O atendimento abrange regime intensivo, semi-intensivo e não intensivo.




1.1 OBJETIVO GERAL
 - Promover a manutenção dos usuários no melhor nível de funcionamento e máximas condições de autonomia possível, para cada caso, evitando novas internações e visando a reintegração no seu grupo social.
- Integrar a família ao tratamento.


1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
:: Reduzir os sintomas: farmacologia, grupos terapêuticos, apoio familiar;
:: Reduzir a Iatrogenia: diminuindo e eliminando sempre que possível as conseqüências físicas e comportamentais da institucionalização prolongada.
:: Promover a competência social e profissional;
:: Reduzir o estigma;
:: Apoiar a familiar e seu grupo social;
:: Promover autonomia.


1.3 POPULAÇÃO-ALVO

Usuários com transtornos psíquicos graves e persistentes referidos dos serviços de saúde mental.


1.4 RECURSOS HUMANOS
A equipe fixa constitui-se de:
:: 2 enfermeiras;
:: 1 auxiliar de enfermagem;
:: 1 terapeuta ocupacional;
:: 1 recreacionista;
:: 1 psicóloga;
:: 1 assistente social;
:: 1 recepcionista;
:: 1 funcionária da higienização;
:: médicos residentes em psiquiatria
:: 2 psiquiatras supervisores.
O serviço de nutrição fornece a alimentação dos usuários.
Contamos, também com estagiários em graduação e com o trabalho voluntariado.

2. METODOLOGIA
Os pacientes serão triados pela equipe médica, de enfermagem e serviço social com aplicação do formulário de ingresso e das escala de auto-cuidado KATS, escala BPRS ancorada e escala qualidade de vida-breve além de dados de anamnese objetiva e subjetiva.(ANEXO 3). Todos os pacientes serão discutidos em equipe quando se definirá a inclusão, grau de desabilitação e plano de atendimento.

Plano I: O plano de atendimento nos primeiros 6 meses visa resgatar hábitos de socialização, auto-cuidado, conhecimento sobre a doença e desenvolvimento de habilidades cognitivas. Após esse período de atendimento, todos os pacientes serão reavaliados com objetivo de definir a seqüência de atendimento e possibilidade de ingressar no plano II. A partir deste momento serão definidos critérios para encaminhamento dentro ou fora do CAPS. O trabalho de reabilitação abrange dois planos distintos e interligados de trabalho.

Plano II: Treinamento profissionalizante, adaptado para cada paciente conforme capacitação específica.
• Não necessariamente dentro do CAPS.
• Auxilio na busca de trabalho também através de convênios com empresas.
*** OBS: Os períodos de permanência nos planos são estimados em caráter experimental dependendo sua confirmação da evolução prática do trabalho.

2.1 FLUXOGRAMA
OBS: Os pacientes que ingressarem no CAPS, já deverão ter sido atendidas em nível ambulatorial.




2.2 PLANO I

Programa de Reabilitação Psicossocial
Este programa tem como objetivo o treinamento para atividades de auto-cuidado de forma mais abrangente possível aos usuários do CAPS. O programa de capacitação de auto-cuidado é dividido em quatro núcleos: núcleo de psicoeducação, núcleo de treinamento cognitivo-comportamental, núcleo do auto-cuidado, núcleo terapêutico. Cabe salientar que esta divisão tem caráter didático e operativo, posto que suas atividades estão intrínsicamente interrelacionadas.
Núcleo de Psicoeducação; O núcleo psicoeducação visa capacitar os familiares quanto ao entendimento da doença, informando sobre aspectos diagnósticos, terapêuticos, prognósticos. Este trabalho é desenvolvido, a partir do ingresso no Caps, semanalmente, em grupo de no máximo de 10 indivíduos (no máximo 2 por família). Este treinamento é realizado pelos residentes de medicina do HCPA em estágio rotativo. As atividades consistem de 10 aulas expositivas, com duração de uma hora e meia, bem como exercícios práticos de reforço.
Núcleo de Treinamento Cognitivo-Comportamental : Esta atividade consiste de um treinamento para melhora de funções cognitivas através de exercícios práticos além de informações sobre aspectos diagnósticos, terapêuticos e prognósticos sobre a doença, com freqüência semanal, de uma hora e meia de duração, em grupo de no máximo 10 pacientes, a partir do ingresso no CAPS.

Núcleo do Auto-Cuidado
1) Grupo de Cuidados Pessoais: realizado semanalmente e coordenado pela enfermeira com a participação do auxiliar de enfermagem. O grupo deverá ter uma duração máxima de 30 minutos e deverá realizar-se preferencialmente entre as 12:30 e 13:00 horas. Este horário é conveniente no sentido de reunir dois turnos. Assuntos a serem abordados: higiene pessoal, vestuário.
2) Oficina de Culinária: é um grupo que ocorre nas segundas feiras, das 10 horas às 11:30 horas, terça-feira das 14 horas às 15:30, quinta-feira das 10:30 às 11:30 e sexta-feira das 14 horas às 15:30, sob a coordenação da auxiliar de enfermagem e participação da enfermeira, tem como proposta ensinar cardápios simples para sua própria alimentação. Desta forma eles adquirem autonomia, segurança e liberdade de escolha nos alimentos; organização no preparo e conceito de higiene.
3) Atividade de Vida Diária: os pacientes serão treinados para compras, transportes públicos, pagar e receber dinheiro, falar ao telefone, utilizar computador, marcar consultas, etc. através da participação em diversas atividades que são realizadas nos diferentes núcleos.
4) Grupo de Treinamento em Medicação e Doença: este grupo é realizado quartas e quintas feiras alternadamente e será coordenado pelos residentes ou cursistas do primeiro ano de psiquiatria que estejam em estágio no CAPS. Tem duração de 45 minutos, 30 minutos iniciais para exposição teórica e 15 minutos para perguntas. Projeta-se que este grupo possa ser ampliado a familiares no futuro. Tem como objetivo a melhor adesão ao tratamento, através do entendimento sobre a doença, mecanismo de ação dos medicamentos, efeitos colaterais.
5) Atividade do Passeio: passeios realizados nas quartas-feiras das 13:30 até 16:30 e contam com a participação dos residentes, enfermagem e psicologia. Busca integrar os tópicos trabalhados durante a semana, como o convívio social, autonomia, colocando-os em prática e estimulando a participação dos usuários nesta tarefa.
6) Grupo Operativo: é um grupo de usuários do CAPS que se responsabilizam por realizar tarefas diárias de organização (cozinha, banheiro, camas, sala) têm como objetivos aprendizagem de AVDs ,organização, resgate da auto-estima, valorização e interação social. Realizam-se reuniões nas segundas-feiras no horário das 12:00 ás 12:30 sob a coordenação da Terapeuta Ocupacional.
7) Alongamento: é realizado todas as manhãs, sendo sempre, a primeira atividade do dia. Além dos benefícios de relação do sujeito com o seu meio, oportuniza a manutenção e/ou recuperação do movimento normal de membros e articulações desenvolvendo melhor mobilidade articular, agilidade, assim como auxilia no processo de restabelecimento ou construção da corporeidade nos pacientes. Está sob a coordenação do recreacionista terapêutico.
8) Assembléia: reunião realizada semanalmente, na quinta-feira, com usuários e equipe que tem como objetivo discutir assuntos pertinentes ao funcionamento do grupo e CAPS estimulando um indivíduo crítico, com opinião.

Núcleo Terapêutico
1) Grupo de Atividade Pedagógica: atividade que vem sendo desenvolvida pelos professores do voluntariado, nas quartas-feiras à tarde. O programa visa resgatar conhecimentos teórico-práticos adequando-se em nível de escolaridade individual. Deve servir de estímulo para pelo menos um grupo de pacientes retomar atividade escolar oficial.
2) Grupo de Pacientes: Dois grupos quinzenais de usuários com alternância semanal. A equipe fixa é constituída de um médico psiquiatra, psicólogo e auxiliar de enfermagem. A coordenação é efetuada por todos os técnicos de forma alternada. O coordenador tem um papel ativo, com a utilização da dinâmica de grupo e interações entre os membros, na busca dos objetivos: Entre os objetivos: promover aspectos mais integrados da personalidade; promover contato interpessoal a fim de favorecer suporte e socialização; desenvolver teste de realidade, através da discussão dos sintomas e compreensão do transtorno mental; permitir a expressão de emoções com vista a reduzir ansiedade.
3)Acompanhamento psiquiátrico individual: os usuários serão atendidos individualmente pelos residentes de psiquiatria, em princípio mensalmente, para revisão do quadro terapêutico e do esquema farmacológico.
4) Grupo de Familiares: Dois grupos quinzenais de familiares, com alternância semanal. A participação de familiares é obrigatória. A equipe fixa é constituída de um médico psiquiatra, psicólogo e assistente social. Tem como objetivo integrar a família ao tratamento, informar e esclarecer sobre o transtorno mental, buscar a facilitação da convivência com o paciente e suas limitações: estimular a troca de experiências entre famílias que compartilham um problema comum, estimular a autonomia na busca de recursos e soluções junto à comunidade.
5) Roda de Conversa: Ocorre nas terças e sextas-feiras sob a coordenação da enfermeira e com a participação da estagiária de psicologia e da auxiliar de enfermagem. A roda de conversa promove um ambiente de redescobertas; onde conseguem cuidar de si e dos outros.
6) Grupo de Acolhida: Ocorre todas as segundas-feiras pela manhã e é coordenado pela psicóloga e terapeuta ocupacional. O grupo aborda a rotina do fim-de-semana, estimulando ao convívio familiar e a atividades recreativas. Pode definir metas de trabalho para a próxima semana.
7) Grupo Psicodinâmico: Ocorre nas quintas-feiras às 13:30, tem duração de uma hora, é coordenado pela psicologia e conta com a participação da enfermagem. As dinâmicas de grupo são utilizadas para favorecer a integração dos colegas. Além disso, são utilizadas técnicas que favorecem a integração dos participantes por meio de experiências pessoais que são compartilhadas e que ganham significado por meio do que é falado e compreendido pelo grupo.
8) Jornal CAPS: É elaborado pêlos usuários com matérias que descrevem suas atividades, passeios, notícias do mundo, eventos. Além disso, mantém o contato e a crítica das atualidades e coloca em circulação nossas produções. É impresso pela gráfica do HCPA, tem periodicidade trimestral e está sob a coordenação da terapeuta ocupacional e recreacionista.
9) Oficina de Pintura e Atividades Plásticas: Realizada por voluntários nas sextas-feiras com duração de uma hora, turno da manhã e tarde.
10) Oficina de psicodrama: esta oficina tem como objetivo possibilitar, através da dramatização, a vivência de uma determinada situação trazida pelo grupo. Ao final da representação são convocados a compartilhar seus sentimentos e impressões com os demais e após é feita reflexão no grande grupo. Realizada semanalmente, nas quintas-feiras no horário de 9:30 às 10:45.
11) Oficina de Pintura e Desenho: esta é uma atividade de expressão artística que procura auxiliar no processo de auto-reconhecimento do portador de sofrimento psíquico, oferecendo um setting diferenciado e a possibilidade de expressão de sentimentos de forma não-verbal. Esta oficina funciona semanalmente com duração de 1 hora.
12) Oficina de Exercício da Cidadania e Leitura de Notícias de Jornais: consiste numa oficina de caráter operativo e sócio-educativo com uma hora de duração, duas vezes por semana sob a coordenação do Serviço Social. O objetivo é estimular e promover uma atitude de cidadania levando os usuários à reflexão, a experimentação e a capacitação da prática social através da discussão, debate, troca de experiências e leitura de notícias de jornais de temas relativos a questão sociais, políticas e de livre escolha dos usuários.

2.3 PLANO II
Núcleo de preparação para o trabalho e convívio social
1) Oficina de Geração de Renda: esta atividade proporciona geração de renda, além de trabalhar aspectos como lidar com diferentes materiais, organização, responsabilidade, dificuldades, aprendizagem e, se possível, profissionalização. A renda poderá ser usada para compra de materiais.
• Confecção de velas: realizada às segundas-feiras, sob a coordenação da terapeuta ocupacional e recreacionista.
• Pintura em tecido e bordado: realizada às segundas-feiras, sob a coordenação da terapeuta ocupacional e enfermeira.
2) Oficina de informática: realizada às quintas-feiras, sob a coordenação da terapeuta ocupacional.
3) Recursos da comunidade: Esta proposta é de buscar contatos com recursos da comunidade, estabelecendo convênios e alternativas na profissionalização, socialização, educação, reabilitação e reinserção de nossos usuários. A responsabilidade técnica é da recreacionista e terapeuta ocupacional.
4) Esporte Cidadão: esta atividade é realizada quinzenalmente sob a coordenação da recreacionista. É trabalhado sobre uma modalidade esportiva, de escolha do grupo, proporcionando conhecimento à cerca dos esportes. São discutidas sobre regras, personalidades, acessibilidades, locais, materiais e demais aspectos pertinentes. Além disso, é proposta a prática e/ou visitas.
5) Oficina Reciclando Papéis: esta oficina procurará trabalhar a inclusão social e desenvolver a autonomia dos usuários potencializando seus interesses pelo processo de fabricação de papel reciclado artesanal. A intenção é oferecer a possibilidade de aprender um labor que possa, além de auxiliar na manutenção de seu bem estar mental, eventualmente, garantir uma renda extra como retorno pela dedicação empenhada.

CLIQUE AQUI para entrar na página do modelo de projeto terapêutico.

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Economia Solidária: oficinas de geração de renda

É sabido que as oficinas de geração de renda ajudam na reabilitação dos pacientes com transtornos mentais inserindo-o novamente no mundo social. Paulo Amarante (1997) já dizia que a proposta atual de oficinas sugere estratégias que buscam inserção dos pacientes, a partir de métodos que capacitam os portadores a criar, produzir e vender os produtos que desenvolvem.

Além disso, as oficinas são criadas para que as portadores de transtornos mentais possam transformar suas competências em fonte de renda. Tem um cunho social, sendo utilizada como ferramenta de formação de pacientes com ou sem benefícios, para que eles iniciem seu processo de crescimento e mobilidade social de forma prática e autônoma.


Esse modelo de geração de renda associada à produção e comercialização também é conhecido como Economia Solidária. Entende-se por esse conceito um modo específico de organização de atividades econômicas. Ela se caracteriza pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade ou empreendimento e pela igualdade entre os seus membros. Nos primórdios do capitalismo, o modelo apresentado mostrava que o empregado era tido unicamente como propriedade do empregador, separado das forças produtivas que detinha ou utilizava. O conceito que pode ser empregado pela economia popular solidária é:

“A empresa solidária nega a separação entre trabalho e posse dos meios de produção, que é reconhecidamente a base do capitalismo. (...) A empresa solidária é basicamente de trabalhadores, que apenas secundariamente são seus proprietários. Por isso, sua finalidade básica não é maximizar lucro mas a quantidade e a qualidade do trabalho” (SINGER: 2002, p.04).”

Parceira inédita entre os ministérios da Saúde e do Trabalho e Emprego (Secretaria Nacional de Economia Solidária) permitiu a criação de uma política de incentivo técnico e financeiro para as iniciativas de geração de renda. Essas medidas ampliam e fortalecem o acesso ao trabalho e a renda de pacientes com transtornos mentais e/ou que apresentam problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

A Coordenação Nacional de Saúde Mental utiliza o Cadastro Nacional das Iniciativas de Inclusão Social pelo Trabalho (CIST) para mapear as experiências de geração de trabalho e renda no campo da saúde mental. Este cadastro é um importante instrumento para a construção de uma rede de apoio às iniciativas de geração de trabalho e renda no campo da saúde mental.

Pontos importantes na criação inicialização de uma oficina de geração de renda:

1)O que fazer e o que os portadores de doenças mentais gostam de fazer?
2)Como posso obter renda com isso?
3)Preciso escolher os produtos...
4)Ter qualidade...
5)Observar a demanda...
6)Ouvir os compradores...
7)Pesquisar o preço no mercado...
8)Estipular o preço de venda...
9)Organizar os processos de trabalho...
10)Avaliar os participantes da oficina quanto a iniciativa, superação de dificuldades e sua autonomia...

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Barbacena: cidade dos loucos (Parte 3)

Uma das histórias mais pavorosas conta que era prática corrente no hospital o método de “desencarnar” os mortos, o que consistia em colocá-los em tonéis com ácido para tirar-lhes a carne e vender os esqueletos às faculdades de medicina. Muitos internos participavam dessa função, “desencarnando” seus colegas mortos e muitas faculdades de medicina, em todo o Brasil, compravam os cadáveres de Barbacena para abastecer seus laboratórios de anatomia.
Os mais rebeldes ou aqueles que cometiam algum ato considerado pelos funcionários como insubmissão eram mantidos presos em celas gradeadas, algemados pelos pés e mãos, contidos por várias técnicas e métodos diferentes. Passavam por sessões de eletrochoque, das quais saiam mortos ou com dentes e ossos quebrados.
O hospital possuía um centro cirúrgico no qual eram realizadas as psicocirurgias, como a lobotomia, mais apropriadamente chamada de leucotomia. Esse procedimento leva a um estado de sedação, com baixa reatividade emocional dos pacientes, considerado como eficaz para a melhoria dos sintomas externos da doença psiquiátrica.
Em 1979, o conhecido psiquiatra italiano Franco Basaglia visitou o Hospital Colônia de Barbacena e o comparou aos campos de concentração nazistas de Adolf Hitler.

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Cursos Gratuitos na UniverSUS


Se você é, ou pretende ser, um profissional da área de saúde, principalmente se lida no dia a dia com os sistemas desenvolvidos pelo DataSUS, precisa conhecer o UniverSUS, um programa amparado pelo DataSUS e Ministério da Saúde que capacita os servidores da saúde à distância. Os cursos são sempre focados no ambiente do Sistema Único de Saúde (SUS). Você ainda pode compartilhar trabalhos e idéias através de um ambiente colaborativo. Aproveite a dica! 
Os cursos grátis do Ministério da Saúde estão atraindo a atenção de vários profissionais formados que ainda não conseguiram um cargo efetivo e precisam de alguma especialização. Quem organiza as inscrições para o curso é a UniverSus, empresa ligada à saúde. Você encontra dezenas de cursos gratuitos no UniverSUS. A palavra “gratuito” hoje em dia é muito bem vinda, devido aos altos custos do dia-a-dia, principalmente para os profissionais ligados à saúde. Até 2011 o Ministério da Saúde prevê qualificar mais de 50 mil profissionais na área da saúde da família.
 
Os cursos são das mais variadas especialidades - Bolsa Família na Saúde, Programa de Volta para Casa, Gestão do SUS, Programa Saúde da Família, entre outos - e voltados para todos os profissionais da área da saúde. Os cursos abertos e as inscrições podem ser acompanhadas através do site  da UniverSUS.

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Barbacena: cidade dos loucos (Parte 2)

Em seu auge o hospital chegou a abrigar cerca de 5.000 moradores, os quais chegavam de todos os cantos do Brasil, apinhados em um trem que parava na frente dos pavilhões. Esse sinistro e terrível veículo ficou conhecido como “Trem de Doido”. 

Do hospital, a maioria das pessoas não saía nunca mais. Muitos chegavam crianças e nunca mais viam suas famílias. Para lá, eram enviados meninos considerados pelos pais e professores como desobedientes; moças que, para a desgraça familiar, tinham perdido a virgindade ou que engravidavam sem estarem casadas; presos políticos e toda a sorte de “indesejáveis” na sociedade, dentre os quais também os sifilíticos e os tuberculosos.

Os internos viviam no hospital em estado de absoluto abandono. Perambulavam pelos pavilhões nus e descalços e eram forçados a comer comida crua, servida em cochos e sem talheres. 

Para acomodar tanta gente nas instalações do hospital, as camas eram retiradas e feno era espalhado pelo chão. Tal estratégia chegou até mesmo a ser recomendada como medida em outros hospitais psiquiátricos da região. As pessoas dormiam todas juntas, amontoadas no piso do quarto sobre o feno. Conviviam com ratos, que lhes mordiam, com suas próprias fezes e urina e morriam às dezenas de diarréia, desnutrição, desidratação e de tantas outras doenças oportunistas. Estima-se que cerca de 60 mil pessoas morreram nesse hospital. Eram 60 óbitos por semana, 700 por ano. 

Vários ex-internos se referem a um chá que era freqüentemente servido por volta da meia-noite e “estranhamente”, no dia seguinte, muitos amanheciam mortos e eram empilhados nos corredores e pátios do hospital.

Fonte: Centro Cultural da Saúde

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Barbacena: cidade dos loucos (Parte 1)

Barbacena situa-se na Serra da Mantiqueira, a 169 km da capital mineira e conta hoje cerca de 124.600 habitantes.

Esse município de clima ameno de montanha, com temperaturas médias baixas para os padrões brasileiros, recebeu a alcunha de “Cidade dos Loucos” durante longos anos. Esse título foi recebido em função dos sete hospitais psiquiátricos que abrigou. A justificativa técnica para a instalação de tantos manicômios no mesmo território deve-se à antiga crença, defendida por alguns médicos da época, de que o clima de montanha era salutar para os que carregavam doenças nervosas. Nesse clima, os loucos ficariam menos arredios e, supostamente, facilitariam o tratamento.


Outra versão conta que, ao perder a disputa política para Belo Horizonte de sediar a capital mineira, ganha, como “prêmio de consolação” os tantos hospitais psiquiátricos, dos quais ainda restam três na cidade.

O maior desses hospitais, hoje administrado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), começou a funcionar em 1903, numa imensa área rural (cerca de oito milhões de m2), nas terras da Fazenda da Caveira, que pertencera a Joaquim Silvério dos Reis – o delator da Inconfidência Mineira. As instalações desse hospital abrigaram anteriormente uma clínica de repouso e clínica para os nervos e, posteriormente, um Sanatório para Tuberculosos. Era uma instituição para ricos. Com a falência do sanatório, o prédio foi ocupado por um hospital psiquiátrico, em que os pacientes se dividiam em pagantes e indigentes. 

A conhecida “laborterapia” era usada na época como parte do tratamento da loucura, na crença de que era necessário evitar a ociosidade, a qual era perniciosa ao espírito do louco. Por meio do trabalho, retirava-se o louco de sua condição de criatura inútil, possibilitando a canalização da sua agressividade e, conseqüentemente, a cura. Dessa forma, os pacientes pobres e considerados indigentes eram forçados a trabalhos monótonos e repetitivos, sem remuneração, e faziam trabalhos pesados na lavoura, na área do hospital, e na confecção de tijolos, bonecos, tapetes e outros produtos que eram vendidos ou consumidos internamente.

Fonte: Centro Cultural da Saúde

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Oficinas Terapêuticas: Casa Viva Vida

Este projeto é um relato de uma práxis de oficinas terapêuticas com os usuários do programa de saúde mental do Centro de Saúde de Cândido Mota, realizado em conjunto ao Departamento de Psicologia Clínica da UNESP- Assis. As atividades foram iniciadas em 1998 e destinadas aos usuários adultos do programa, sem crises agudas, com ou sem  história de internações psiquiátricas. As atividades de oficinas contêm um potencial terapêutico, que pode provocar em seus participantes, a circulação da palavra, troca de afetos e de experiência de vida, possibilitando a expressão e a comunicação. Nelas prioriza-se as potencialidades  e a reinserção social dos usuários. 


Como atividades iniciais, escolheu-se a "horta"  e a "escolinha" . Para esses usuários o cultivo da terra faz parte de suas experiências, além de ser  uma atividade de trabalho integradora. Por outro, "a  escolinha" por intermédio de atividades pedagógicas possibilita o resgate dos conhecimentos dos usuários, sua aplicação no seu cotidiano, bem como permite a reconexão com suas histórias de vida. A equipe desde o início é composta por uma psicóloga do Centro de Saúde, responsável pelo projeto, dois estagiários em 1998 (atualmente apenas um) e um técnico em agrícola da Secretaria da Agricultura ( no caso da horta). As atividades são semanais com duração de aproximada de 2 horas.

Na oficina da horta houve várias tentativas para conseguir espaço físico. Conseguiu-se um terreno junto ao SAAE do município. Inicialmente, foi indicado 20  usuários para a atividade. O grupo iniciou-se com 7 usuários, onde estabeleceu-se um contrato: as atividades eram definidas no início do trabalho  e avaliadas no final de sua execução . Apresentou-se um vídeo sobre horta, quando se discutiu o conhecimento do grupo, sua opinião sobre a atividade, dificuldades. Estas se referiram ao fato de terem que acordar cedo; medo de participar da atividade e, isso se caracterizar trabalho e consequentemente  impedir o recebimento do benefício da aposentadoria e não receber pelo trabalho  realizado uma vez que nas internações pelas quais passaram, os usuários relataram  que desenvolviam atividades nos hospitais, não recebiam nada por isso e, portanto sentiam "usados" pela instituição. Foi discutido e trabalhado esses temores e preocupações, principalmente no que se referia a aposentadoria e à exploração de sua força de trabalho. Ficou claro para todos que toda a produção ali colhida seria dividida entre os participantes da atividade. Houve a visita  ao local , preparação do solo, plantio e colheita. No início das atividades os usuários decepcionaram-se com o estado do terreno (a terra seca e apenas  grama). Existiram também dificuldades técnicas-operacionais, temor dos usuários em sair da instituição, emergência de crises, abandonos e dúvidas da equipe do serviço para integrar essa atividade com o trabalho terapêutico-medicamentoso.

Em 1999, as atividades da horta continuam, com encaminhamento pela equipe de outros usuários. No entanto permanece ainda as dificuldades de adesão dos usuários , maior envolvimento da equipe, e algumas dificuldades técnicas-operacionais. Porém, é possível constatar situações onde espaços de produção de vida naquele coletivo brotam e desabrocham no mesmo ritmo das próprias plantas ali cultivada.

Na  oficina da "escolinha" houve menos dificuldades iniciais do que as encontradas na horta. Elas são realizadas na própria instituição, em uma sala cedida por um outro departamento do Centro de Saúde. A participação dos usuários é estável, com maior adesão nas atividades. Os temas desenvolvidos nessa oficina são escolhidos pelos próprios participantes, abrangendo matemática, português, conhecimentos gerais, desenho e pintura e passeios pela cidade ( na horta, biblioteca pública, piquenique na piscina pública). O primeiro momento da atividade é  o aquecimento, a interação inicial, onde é retomada  o tema do dia que foi decidida na semana anterior. Depois é realizado a atividade onde é utilizado materiais gráficos, revistas, xerox de dinheiro, sucatas que os próprios participantes levam para dramatizarem situações cotidianas de compras e vendas e outras. No final todos avaliam a atividade do dia e escolhem o tema da próxima semana. É importante destacar que as atividades não são concluídas em apenas uma semana. Sua duração depende do ritmo da produção do coletivo. Essa oficina despertou interesse em algumas pessoas em voltar a estudar, interesse por leitura, filiação na biblioteca pública, interesse e valorização do  desenvolvimento profissional. Além disso, apontou para a necessidade de se criar mais outras duas  oficina: uma para os usuários analfabetos e semi-analfabetos e outra para que desenvolvam outras formas de expressão criativa. Existiram dificuldades técnicas em estabelecer o tipo de usuário que poderiam participar da atividade, assim como trabalhar com as singularidades diversas.

A prática de reabilitação e reinserção social é bastante complexa e implica no "desmonte" de uma prática instituída de tratamento norteado na restrição dos espaços sociais ou mesmo a exclusão social dos usuários da saúde mental e na medicalização e a "psicoterapeutização" dos tratamentos em instituições de saúde. A saída do usuário da instituição Centro de Saúde também provoca dificuldades pois significa reiniciar e inventar novas formas de contato com a sociedade e, portanto adquirir seu poder contratual. Antes o essencial era a saída do hospital e a volta à casa, agora  tem-se novas possibilidades, momentos de criação, ação, desenvolvimentos, tomadas de decisões, novos relacionamentos, amizades e responsabilidade. Enfim, trocas de mensagens afetivas, sociais e de bens materiais. É a ruptura do processo de "negatividade" em que a doença os colocou e a construção do processo de vida enquanto o viver com a saúde interior e com a capacidade de ter experiências culturais diversas.

Apesar das atividades das oficinas estarem ainda restrito a um pequeno número de usuários elas apontam sua viabilidade e importância como tratamento na área de saúde mental enquanto uma prática substitutiva que supõe a ruptura das práticas   psicológicas tradicionais. Esta importância é maior ainda quando estas atividades são desenvolvidas por uma equipe de saúde mental de um Centro de Saúde de uma cidade pequena ( com aproximadamente 29.000 habitantes), onde geralmente o tipo de serviço oferecido na área de saúde mental é de triagem de pacientes para internamentos, acompanhamento medicamentoso e  tratamento psicoterápico individual.

Para universidade é importante sua participação neste tipo projeto, uma vez que ela pode contribuir não apenas na melhor formação dos futuros psicólogos como na discussão e na construção de propostas que possam resolver os graves problemas não apenas de saúde, mas social das pessoas com intenso sofrimento psíquico. Isto porque o poder contratual desses usuários será transformado e ampliado na relação que se estabelece entre eles e os membros da equipe de profissionais formados pelas universidades. Além disso, a universidade em sua função de pesquisa  e de extensão deve contribuir para o rompimento do modelo manicomial, desenvolvendo projetos e ações substitutivas que promovam a qualidade de vida dos cidadãos.

Fonte: Cristina Amélia Luzio - departamento de psicologia clínica da Unesp

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A oficina de salão de beleza

Essa oficina consiste na apropriação de um "salão de beleza" montado dentro da instituição, na enfermaria feminina, com material de doações. Nela, os estagiários realizam o cuidado da aparência das pacientes: fazem suas unhas, lavam e penteiam seu cabelo, etc. Em geral, as pacientes gostam desse universo feminino e identificam-se com ele, com batons, esmaltes, espelhos, escovas e secadores de cabelo, maquiagem...

A atividade do salão de beleza faz com que o coordenador tenha uma função próxima à de cuidador, já que deve estar aberto ao contato corporal com a paciente. Tem um sentido estético, de higienização, de convívio, de fazer borda na corporalidade do psicótico, tão maltratada na psicose. Tanto pode ser um momento de prazer e bem-estar com o corpo quanto suscitar angústia e dificultar o manejo com a paciente. A concretude do corpo, sua deflagração de realidade, sua marca inscrita no simbólico não se constituem na psicose. O sujeito objetifica seu corpo, que, para ele, passa a ser lugar de inscrição do desejo do outro, nesse imperativo de gozo próprio da psicose.

Nessa deficiência, imprecisão de limite entre o próprio corpo e o corpo do outro, através da oficina, a paciente pode experimentar a sensação corporal como um elemento constitutivo de sua imagem corporal, identificadora, que limita, contém, contorna, separa. No lugar de serem cuidadas, as pacientes passam a se cuidar e a cuidar umas das outras, estimuladas pelo ambiente do salão de beleza. 

Não devemos, enquanto oficineiros, lidar com a "corporalidade" do psicótico desavisadamente. A atenção e o conhecimento da psicose são indispensáveis. À medida que trabalhamos com psicóticos, vemos que a loucura não é só sofrimento: é uma solução, um modo de existência próprio, que faz suplência ao insuportável. Por isso, a relação afetiva que o psicótico estabelece com o outro é desestabilizada, imprevisível, despolarizada, apaixonada. Assim, ao mesmo tempo em que se mostra dotado de uma afeição quase pueril, pode fazer-se hostil. Ao passo que nos despimos de nossos preconceitos, que, com a experiência, desmitificamos a psicose, vamos aperfeiçoando a forma de manejo com esses pacientes. È justamente aqui que se situa o incompreendido, o intratável da psicose, é no ponto em que o enigma se faz na falta de sentido, que a nossa lógica não alcança. Fica-nos claro que é o medo inconsciente da nossa própria "loucura" que nos ameaça. 

Aprendemos, com a loucura alheia, a precariedade de nossos pensamentos, a transitoriedade de nossas percepções e identidades, a intensidade como experiência e a vivência de ruína.

Mais que respostas, essa experiência suscita várias perguntas: como legitimarmos a experiência das oficinas para que realmente se constituam em espaço de cidadania para os sujeitos? Qual a postura ética do coordenador das oficinas? 

Fonte:  As oficinas na saúde mental: relato de uma experiência na internação - Teresa Cristina Paulino de Mendonça (PUC-MG)

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O Serviço Social e as Residências Terapêuticas


Primeiramente, o trabalho do assistente social, juntamente com uma equipe (psicólogos e cuidadores sociais), é introduzir os moradores no social. No que é uma casa, no que são as ruas, os bairros, a cidade. Padaria, mercado, cinema, teatro, comprar roupas, relógios, almoçar fora. Todas essas atividades, que são tão corriqueiras, precisam ser construídas, mais ainda, precisam de tempo para isso. Tempo de cada um, tempo de trabalho. O simples fato de um morador pedir algo – o processo de sair e comprar cada coisa que se pede -, precisa de um tempo para ser construído. Nesse processo, ocorrem empecilhos, combinações que não se cumprem, até acontecer a saída.
O segundo passo é construir uma casa. Construir com os moradores novas significações que permitam estar na cidade. Esse movimento produz novas histórias e relembra antigas. Nesse sentido, é preciso que se esteja com eles nesses espaços reconhecendo histórias e lembranças, mediando contato, para que assim possam estabelecer outros laços.
Entre as áreas de Saúde mental e Assistência Social – no que diz respeito à gestão de políticas públicas -, surge uma tensão formadora de trabalho que convoca construção permanente de rede, para além dos limites institucionais.

As residências terapêuticas são um espaço de ação social onde o sujeito cria relações significativas com o meio nas interações cotidianas do seu universo de referências individuais. São para seus moradores, dispositivos de produção de subjetividade. Deste modo, com a mudança para o tipo de dispositivo residencial os novos moradores produzem uma releitura de suas experiências passadas, iniciando um processo de reconstrução e atualização da identidade. Esta reorganização pessoal é fundamental para a construção subjetiva do novo espaço de moradia, pois possibilita aos indivíduos moldarem a sua relação com o ambiente, além de experimentarem o seu campo de manobra no território.
            O trabalho necessário a ambas equipes envolvidas (CAPS e RT) é acompanhar como cada um apropria-se de seu endereço, espaços da casa e da rua, criando uma atmosfera doméstica. Em alguns momentos, esse acompanhamento vai exigir mediadores, um investimento mais dirigido. A tarefa é lidar com sujeitos cujo sentimento de pertencimento é algo a ser construído, acompanhar como se dá a invenção de cada caso exige no cotidiano, estar atento aos detalhes e aos efeitos das intervenções (a divisão de tarefas, a presença de cuidadores e estagiários, a figura de uma coordenação).
            Portanto, segundo José Augusto Bisneto, “ao repor o usuário dos serviços psiquiátricos na sociedade, o Serviço Social não deve fazê-lo na perspectiva de ajustamento e adaptação. É necessário tentar criar condições para o mínimo de reapropriação por ele das relações sociais, na família, trabalho, gênero, raça etc. A noção de cidadania não é meramente formal. Benefícios, usufruto de aparatos de Estado e serviços sociais não podem ser apenas para cumprir dispositivos legais, mas para possibilitar a reapropriação social concreta no cotidiano. Não se deve lutar pelos direitos dos portadores de transtorno mental isolada e descontextualizadamente”.

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O cotidiano nas Residências Terapêuticas


Há algo específico no cotidiano de uma Residência Terapêutica que sempre nos remete a uma tensão: é casa ou não? É casa, pois o telefone toca, a campainha toca, a vizinha reclama, o gato da vizinha pula para a casa, a vizinha desvia água, e em aniversários os vizinhos estão presentes. Mas existe cuidador, coordenadora, estagiários. Os moradores não pagam conta de telefone, aluguel e nem luz. O que se sabe é a única coisa que não pode ser: manicômio. Talvez a base de todo trabalho nas RT’s residam nesse ponto, onde identificam-se os limites e impasses seja com os moradores ou com a equipe.
Quem está mais próxima do dia-a-dia da casa são os cuidadores. E este é um outro trabalho, também, cotidiano. A coordenação desse projeto precisa estar muito próxima deles – seja na casa ou em reuniões freqüentes. Acompanhar o trabalho junto aos cuidadores não é mais fácil do que o trabalho com os moradores. Eles também podem cair na rotina, no automático. O seu papel é essencial, pois visa inserir os moradores nos papéis desempenhados nos cuidados da casa, mediando essas tarefas e não fazendo por eles. A questão da rotina se faz presente nesse momento em duas vias. Uma rotina na casa é necessário. Rotina de um cotidiano, da dinâmica, do movimento entre eles. Qualquer casa tem a sua. Só que a rotina tem de ser dos moradores e não dos cuidadores. São detalhes extremamente importantes e é preciso que estejamos atentos a eles.
Além disso, na residência terapêutica, diferentemente de qualquer casa, o cotidiano inclui os cuidados com as medicações (existe na casa ou está faltando, se estão ingerindo ou estão jogando fora), os cuidados com a alimentação específica com as complicações clínicas. Cuidados, com a particularidade de cada um, sem ser em detrimento do grupo, numa dinâmica de convivência de casa.
A rede de cuidados também realiza-se através de dois CAPS. Apesar do constante contato com esse dispositivo, acredita-se que essencial separar o que é cuidado da casa e o que é tratamento no CAPS. Fazer essa diferença é mais uma tentativa de construir essa casa, o morar. É atribuído ao CAPS a missão de ocupar ou preencher o cotidiano dos usuários considerados graves, além de oferecer uma espécie de compensação traduzida em proteção, comida, benefícios, oferta de trabalho ou de atividades.
Os CAPS, desde sua criação, têm um compromisso com o destino com as pessoas que possuem sofrimento mental e vivem nos hospícios ou que ficam entregues a própria sorte, à margem dos dispositivos de tratamento. Constituem um passo fundamental para sustentar uma idéia de uma rede de serviços em saúde mental que funcione, de fato, como alternativa ao modelo manicomial, o que não significa dispensar o hospital psiquiátrico.

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