Serviço Social e Saúde Mental . Parte 1

O Serviço Social atua em diversos programas e projetos nas instituições psiquiátricas e sua prática tem se modificado em função das transformações pelas quais tem passado à assistência psiquiátrica no Brasil. A pluralidade de sua atuação remete a uma complexidade que torna potencialmente contraditória. Além disso, nem sempre os programas do estabelecimento psiquiátrico têm sua homogeneidade.

As instituições psiquiátricas, em geral, não dão resposta à demanda global do paciente, aos seus problemas na totalidade. No caso dos transtornos psíquicos, vários aspectos interferem no bom andamento do restabelecimento mental e não são tratados pela psiquiatria; daí outros profissionais são acionados. Quando certos aspectos do problema global situam-se na área social, O Serviço Social é chamado a atuar. Porém, podemos observar que no Movimento de Reforma psiquiátrica a problematização teórica e o leque de programas vão além da assertiva acima.


Na psiquiatria tradicional, os “outros” profissionais atuam no sentido de complementar o trabalho dos psiquiatras de forma atingir a melhor realização da finalidade institucional, a recuperação do paciente. O assistente Social dentro desse tipo instituição trabalha com a mesma finalidade da psiquiatria , mas garantindo a eficácia dos profissionais psiquiatras pela ampliação do âmbito da intervenção , pela garantia que o paciente se encaixe na demanda à qual a instituição de assistência psiquiátrica está respondendo , isto é , para garantir o tratamento principal , o tratamento psiquiátrico.. Na ocorrência de qualquer fato que interfira no planejamento do atendimento psiquiátrico e que seja considerado como fenômeno social ou contextual, o assistente social é convocado a recolocar o paciente no processo de trabalho organizacional considerado “normal” pelo estabelecido psiquiátrico. O Serviço Social intervém em tudo que escapa à racionalidade desse processo no que tange à situação objetiva (dita social) ou aspectos contextuais diversos (é por isso que alguns assistentes sociais em Saúde Mental declaram “servirem para tudo”, serem “quebra-galhos”). Essa prática funcional a lógica psiquiátrica é antiga no Serviço Social em Saúde Mental. Ela é modelo de Serviço Social tradicional desde os anos de 1950. Desde dessa época, “tudo que não é concebido como diretamente associado com o especificamente psíquico e somático (...) é empurrado nestas para o Serviço Social”.

Em instituições com serviços alternativos condizentes com o Movimento de Reforma Psiquiátrica, o Serviço Social também age no sentido de contribuir para o melhor tratamento psiquiátrico, só que este último é redefinido para incluir as questões advindas de rupturas do usuário com o meio social. O melhor tratamento psiquiátrico também é o melhor tratamento social, assim são objetivos da reabilitação psicossocial. De modo que o Serviço Social é demandado para, junto com outros profissionais, intervir sempre que houver ruptura por parte do paciente, tanto à sua integração institucional (à psiquiatria renovada), quanto à integração social. Por exemplo, se um hospital-dia prescreve um tratamento em que o paciente deve ir todos os dias ao centro de atenção psicossocial e este não tem dinheiro para passagem, o Serviço Social, com o intuito de o usuário se encaixar no planejado, intervém para tentar conseguir passes de ônibus gratuitos.

Fonte: Livro Serviço Social e Saúde Mental: uma análise institucional da prática. Professor José Augusto Bisneto – ESS/UFRJ.

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